Mulheres em Ação

OUSAR LUTAR, OUSAR VENCER.

Por: Miguelina Vecchio 

Presidente Nacional da Ação da Mulher Trabalhista
Vice-Presidente da Internacional Socialista de Mulheres América Latina Sul

     A Ação da Mulher Trabalhista – AMT, orgão que congrega as mulheres do Partido Democrático Trabalhista, vem ao longo dos anos trabalhando para a efetivação de um novo modo de construir a sociedade de nossos sonhos. A igualdade que tanto almejamos não acontecerá sem o nosso engajamento nos movimentos sociais. Um orgão que não se capitaliza na sociedade e só é forte dentro do Partido não tem razão de existir.
        É necessário que seja desconstruído o modo de ver a participação das mulheres nos espaços de poder: primeiro, porque a frase “Mulher tem que votar em mulher” do ponto de vista de nossa entidade não é a que queremos, ela simplifica muito as nossas necessidades, cria a expectativa que todas nos representam e elimina a visão de classe que nós, ideologicamente, defendemos. Somos diferentes umas das outras, mas diferença não pressupõe desigualdade.
Ao longo dos últimos 20 anos, muitas mulheres de nosso partido foram fundamentais para várias conquistas que a maioria da população obteve, ainda que a história não lhes faça justiça.
        É verdade que as conquistas como o voto, tão importante à construção da cidadania plena, ou a Pílula, que reconhece a mulher, seus direitos reprodutivos e, efetiva o acesso ao planejamento familiar eram necessários, mas temos que continuar lutando para que efetive a descriminalização do aborto, pois só as mulheres pobres serão banidas por sua prática, já que as com melhores condições podem fazê-lo sem necessidade do aparato estatal. A saúde integral é uma luta de todos nós e o aborto não é uma questão de polícia e sim de saúde pública.
    A educação é fundamental para essa mudança de visão de mundo, reforçar a sexualização de papéis no interior da casa em nada contribui para a mudança de comportamento social: Quem educa são os pais, a escola dá conteúdo e sociabiliza.
        A legislação brasileira, em relação aos demais países, tem avançado: hoje não se mata mais mulheres em nome da “honra”.
        A violência é tratada com mais rigor após a lei Maria da Penha, ainda não é ideal, mas avançou. Houve um reconhecimento da família monoparental, 34% de lares são chefiados por mulheres.
     Quando nosso partido reforça a importância da escola de turno integral sonhada e efetivada por nosso líder Leonel Brizola, já foi concebida por seu olhar generoso, visto que esta escola prioriza a mulher, seu filho será atendido e protegido, possibilitando a ela ingressar no mercado de trabalho, afasta a possibilidade de drogadição, diminui muito a gestação precoce, elimina o trabalho infantil, e isso, diretamente, atende aos anseios das mulheres.
Unidas hoje pelo nosso V Congresso Nacional, que ocorreu de 27 a 29 de maio em Belo Horizonte, nos remeteu a uma nova e necessária discussão: o racial, a lesbofobia e homofobia.
       O sonho de ser classe dominante tem de ser desconstruído. Não queremos deixar de ser dominados e passarmos a ser os dominadores, queremos ter direitos e deveres. A Ação da Mulher Trabalhista já trabalha com essa eliminação, criando a vice-presidência GLBT para nos instrumentalizar junto às nossas companheiras lésbicas que políticas públicas devemos defender com este foco.
     Nossa entidade tem trabalhado em parceria com os movimentos sociais, estamos inseridas nos conselhos de direitos das mulheres, dos idosos, das populações afrodescendentes, dos conselhos de educação e de saúde; nas associações de moradores, sindicatos, e para nós é fundamental essa diversidade de atração, porque ela dá a conhecer nossa visão sobre as diferenças e papéis sociais que queremos defender.
Temos lado, e isso tem suas conseqüências, defendemos os trabalhadores, as mulheres idosas, lésbicas, as populações negras, indígenas, rechaçamos os esteriótipos, combatemos a ignorância e lutamos por uma sociedade livre, justa e seus preconceitos.

**AMT REALIZA V CONGRESSO NACIONAL
Evento possibilitou um diálogo entre mulheres pedetistas de todo o País

        Nos dias 27, 28 e 29 de maio foi realizado o V Congresso Nacional da Ação da Mulher Trabalhista – AMT na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais. O Congresso reuniu cerca de 1.500 mulheres de todo o País para discutir e apontar novas soluções para temáticas de gênero. Em três dias foram debatidos temas como ‘’Saúde, direitos reprodutivos e combate à violência contra a mulher’’, ‘’Diversidade – Construindo o respeito às diferenças’’, entre outros.
        O congresso foi um sucesso. Com 1.283 mulheres credenciadas, o congresso foi o maior já realizado pela AMT. O evento demonstrou que as mulheres trabalhistas estão organizadas e querem aumentar sua participação na política. Embaladas pelas palavras de ordem da companheira Sirley Soalheiro (Presidente Estadual da AMT–MG), anfitriã do envento, as mulheres receberam diversas personalidades políticas nacionais e internacionais. Entre elas, Luiza Vicioso (Embaixadora da República Dominicana), Margaritta Zapatta (Vice-presidente da Internacional Socialista), Marlene Haas (Secretária Geral da ISM – Internacional Socialista de Mulheres) e a ex-Ministra e pré-candidata à Presidência da República Dilma Rousseff.
No primeiro dia de congresso, uma grande marcha foi realizada, trazendo o PDT e a AMT para a rua. A população saudava a passeata formada por cerca de 1.500 mulheres de todo o País. Com muita animação, as mulheres caminharam da Praça da Liberdade à Praça 7 gritando palavras de ordem e chamando a atenção para temas de gênero, como a violência contra a mulher, por exemplo.
    Uma das ilustres convidadas foi a ex-ministra Dilma Rousseff. Ela foi uma das palestrantes na mesa ‘’Empoderamento da Mulher e as eleições 2010’’.
     Recebida com muita alegria, Dilma se reencontrou com antigas companheiras de Partido. Quando era do PDT, Dilma participou da Ação da Mulher Trabalhista e fundou a AMT do Rio Grande do Sul. Entre diversos temas abordados, em sua fala a companheira Dilma ressaltou a importância de combater o preconceito: ‘’O Brasil é um País comprometido com a democracia. E democracia no sentido mais profundo é, sem sombra de dúvida, o fim da discriminação, desigualdade e opressão que pairam sobre as mulheres.’’
      Além de Dilma a Presidenta Nacional da AMT, Miguelina Vecchio discursou sobre a importância de as mulheres ocuparem os espaços de poder. ‘’Não votamos em mulheres pelo simples fato de serem mulheres. E nem votamos em qualquer mulher. Votamos em mulheres comprometidas com a nossa luta, mulheres capacitadas, preparadas e que muito trabalham.
        O V Congresso Nacional terminou com a eleição da nova Executiva Nacional da AMT. A Presidenta reeleita foi Miguelina Vecchio que, em seu discurso de posse, ressaltou que as mulheres não terão medo de enfrentar as barreiras e preconceitos que ainda afligem grande parte da população feminina e que a luta pela igualdade, apesar de árdua, será vencida com muita alegria e garra.

**Composição da AMT – Ação da Mulher Trabalhista
Presidenta – Miguelina Vecchio (RS)
1ª Vice Presidenta – Mariza Jambeiro (BA)
2ª Vice Presidenta – Maria Eugênia Steyer (SC)
Vice Presidenta Temática Saúde – Nazaré Barros (AP)
Vice Presidenta Temática Educação – Maria Aparecida de Oliveira
Vice Presidenta Temática Combate à Violência – Shirley Amorim (PA)
Secretária Geral – Sírley Soalheiro (MG)
1ª Secretária – Leonor Costa (RS)
Secretária de Articulação Política – Ildemar Barbosa (TO)
Secretária de Mobilização – Valéria Cabral (SP)
Secretária Adjunta de Mobilização – Eroídes Lessa (DF)
Secretária de Formação – Dejanira Bernardo (RS)
Secretária de Movimentos Sociais – Conceição Brito (DF)
Secretária de Movimentos Sindicais – Eunice Cabral (SP)
Tesoureira Geral – Maria de Fátima Kobielsk (RS)
Consultora Jurídica – Adriana Barbosa (MG)
Líder AMT – Deputada Federal Suelí Vidigal (ES)